Olho por olho

 

conta

gotas

uma

sobre

outra

olhos

duros

em mim

meu choro

é teu

colírio

Braile

Nas encostas das suas costas nuas

Arranho em braile a superfície do perigo

Você ri sem tato da minha procura

Ninguém jamais viu o que há por trás dessa pele

 

Verdade

Não

estou

nas linhas

que quebro

Desce

para ver

essa escada

maldita

São

frases

feitas

de nada

Poema

em pedaços

Respeito

o teu medo

das Grandes Verdades

Sinto

muito

Menos

vontade

de síntese

Carne

Dedos impressos nos meus quadris

Tuas garras tem desejo de morte

Ânsia nas unhas em encontrar o meu rim

Cava a vontade de não ter mais vontade de

me ter

dentro de ti

Arranha partir

Volta de novo

sem ter ido

Verbo gasto

nas mesmas

rimas

Presa fácil

na boca

de quem sabe te ler

Duna

Na fundura

movediça

do teu corpo

um deserto

sem tamanho

Na ponta

da língua

gotas

minguadas

de vontade

Esperança

perdida

Morte

sem sede

Desejo

desenganado

de miragem

Fuga

A onda

Beira

De medo

Do profundo

Foge

Do mar

E morre

Na praia

A onda

Não repensa

A onda

Repete

A onda

Raiva

Raiva volumosa

Rebenta da boca

Tua voz partida

Em ondas

Bate violenta

Em meus ouvidos

Sem eco

Teu verbo saliva

Transborda inútil

Em conchas rasas

Insônia

Um sono

de morte

espalha

seu peso

sem remédio

pela cama

 

Os dentes

do atraso

avançam

sobre o dia

sem volta

 

Uma vontade

de nada

ronda

seus olhos

sem sonho

Quarto

 

Nós

Dois

Nus

Enosados

Nos

Fios

Sem

Tecido

Da história

Passado

Sem

Memória

Presos

Em tempo

Algum

Agarrados

Nos minutos

Diminutos

Dentro

Desse quarto

De hora

Sem palavras

Tanta tinta

Na caneta

Um pedaço

De papel

Resta só

Este pedido

De socorro